Filosofia e literatura têm diferenças e semelhanças. Ambas
usam a linguagem para comunicar algo a alguém. Na
Filosofia, o principal objetivo é expressar conceitos, ideias. Na literatura, existe a
narrativa, isto é, o ato de contar uma história.
No entanto, a diferença entre uma obra literária e uma filosófica é mais sutil do que pode parecer à primeira vista. Os diálogos de Platão, por exemplo, poderiam muito bem ser enquadrados nas duas categorias – literatura e filosofia.
Ninguém dirá que Kant foi um literato – no sentido de que seu texto tem elegância e estilo dos grandes escritores – mas o que dizer de um Nietzsche? Poemas e aforismos, tão frequentemente empregados pelo autor do Zaratustra, são formas literárias.
Rousseau foi autor de um romance de sucesso na época: A bela Heloísa. Sartre tornou-se conhecido não apenas por sua filosofia, mas também pelos seus romances. E poucos escritores são tão filosóficos como Thomas Mann e Machado de Assis.
A Filosofia, como diz Wittgenstein, deve “tornar claros e
delimitar precisamente os pensamentos, antes como que turvos e indistintos”.
Uma diferença fundamental entre
filosofia e literatura: não se lê uma obra filosófica da maneira como se lê um
romance.
Então, vamos as leituras:
A REVOLUÇÃO DOS BICHOS, do escritor britânico George Orwell, foi publicada em 1945 e escrita no auge da Segunda Guerra Mundial.
Leia o trecho da obra:
O Homem é
a única criatura que consome sem produzir. Não dá leite, não põe ovos, é fraco
demais para puxar o arado, não corre o que dê para pegar uma lebre. Mesmo
assim, é o senhor de todos os animais. Põe-nos a mourejar, dá-nos de volta o
mínimo para evitar a inanição e fica com o restante. Nosso trabalho amanhã o
solo, nosso estrume o fertiliza, e, no entanto, nenhum de nós possui mais que a
própria pele. As vacas, que aqui vejo à minha frente, quantos litros de leite
terão produzido neste ano? E que aconteceu a esse leite, que poderia estar
alimentando robustos bezerrinhos? Desceu pela garganta dos nossos inimigos. E
as galinhas, quantos ovos puseram neste ano, e quantos se transformaram em
pintinhos? Os restantes foram para o mercado, fazer dinheiro para Jones e seus
homens. E você, Quitéria, diga-me onde estão os quatro potrinhos que deveriam
ser o apoio e o prazer da sua velhice. Foram vendidos com a idade de um ano
--nunca mais você os verá. Como paga por seus quatro partos e por todo o seu
trabalho no campo, que recebeu você, além de ração e baia?
A
“Crítica da Razão Pura” é o livro em que Kant separa os domínios da ciência e
da ação.
Leia o trecho da obra:
Em vista
disso, os objetos da experiência não são nunca dados em si, mas apenas na
experiência, e fora dela não existem. Pode admitir-se, I com efeito, que haja
habitantes na lua, embora nenhum homem jamais os tenha visto, mas isto
significa apenas que, com o possível progresso da experiência, podíamos chegar
a vê-los; com efeito, tudo que está no contexto de uma percepção de acordo com as
leis do progresso empírico é real. São, pois, reais, desde que estejam num encadeamento
empírico com a minha consciência real, embora nem por isso sejam reais em si,
isto é, fora deste progresso da experiência.
Nada nos
é efetivamente dado além da percepção e do progresso empírico desta para outras
percepções possíveis. Porquanto, em si mesmos, os fenômenos, sendo simples representações,
só são reais na percepção que, de fato, é unicamente a realidade de uma
representação empírica, isto é, de um fenômeno.
1) Quais as diferenças entre Filosofia e Literatura?
2) Existe literatura nos escritos filosóficos?
3) Cite um ponto que você achou interessante no trecho
da obra de Orwell e uma de Kant?
4) Qual texto foi mais fácil para você entender e
interpretar? Você acha que os dois têm informações importantes ou, um é mais
importante que o outro? Por quê?
https://vestibular.uol.com.br/resumos-de-livros/trechos-do-livro-a-revolucao-dos-bichos.htm
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/a-razao-pura-pratica-kant-os-fundamentos-Etica.htm
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