Desigualdade
social e ideológica
Antes de terem
sido inventados os sinais
representativos da riqueza, estas só podiam consistir em terras e em
animais, os únicos bens reais que os homens poderiam possuir. Ora, quando as
herdades foram crescendo em número e em extensão, a ponto de cobrirem o solo inteiro
e se tocarem todas, umas não puderam mais crescer
senão à custa de outras, e os extranumerários, que a fraqueza ou a
indolência tinham impedido de adquiri-las por sua vez, tornados pobres sem ter perdido nada, porque, tudo mudando em torno deles, só eles não tinham mudado, foram obrigados a receber ou a roubar a
subsistência das mãos dos ricos; e, daí, começaram a nascer, segundo os
diversos caracteres de uns e de outros, a
dominação e a servidão, ou a violência e as rapinas.
Discurso sobre
a origem da desigualdade entre os homens.
J.J. Rousseau
O Brasil é sétimo país mais
desigual do mundo, segundo o último relatório divulgado pelo Pnud (Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento), ficando atrás apenas de nações do
continente africano. O levantamento tem como base o coeficiente Gini, que mede
desigualdade e distribuição de renda.
"A parcela dos 10% mais ricos
do Brasil concentra 41,9% da renda total do país, e a parcela do 1% mais rico
concentra 28,3% da renda", diz o
texto. A desigualdade mostrada pelo relatório pode ser explicada por uma série
de fatores, segundo Katia Maia,
diretora executiva da Oxfam Brasil. Três
deles, contudo, são determinantes
para que o país permaneça numa posição negativa nos próximos anos: o racismo,
a questão de
gênero e a tributação de impostos.
Racismo é estrutural: "O
Brasil vem de uma construção escravocrata, onde algumas pessoas valiam mais que
as outras. Isso se reflete até hoje", diz Katia Maia, em referência ao
racismo que ocorre de maneira estrutural e institucionalizada.
A questão
também é de gênero: A taxa de desemprego entre mulheres negras no
Brasil é de 16,6%, o dobro da verificada entre homens brancos (8,3%), segundo
último a PNAD contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada em outubro de 2019.
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