A condição humana para a Filosofia
Contemporânea
Podemos dizer que a principal marca da Filosofia
Contemporânea é a crítica aos modelos filosóficos desenvolvidos até a
modernidade. Durante o Iluminismo, no fim da modernidade, havia uma crença
comum de que o avanço das ciências, das técnicas e do conhecimento aliados à
popularização desse conhecimento por meio da educação, trariam o avanço moral
da sociedade.
Nietzsche, ao
criticar o padrão de racionalidade que, segundo ele, deixava de lado a potência
animal e natural do ser humano e ao apontar que a moral que nós tínhamos como
natural era fruto de uma inversão dos valores antigos, coloca em xeque toda a
história da Filosofia. Talvez esteja em Friedrich Nietzsche a maior ruptura com
a filosofia tradicional e uma grande enunciação do que viria no século XX.
O intenso século XIX também acompanhou o nascimento
de novas ciências, como a Sociologia,
a Antropologia e a Psicologia.
Theodor
Adorno e Max Horkheimer, no livro
Dialética do Esclarecimento, classificam o Holocausto como o máximo da barbárie
que a humanidade chegou devido ao que eles chamaram de “razão instrumental”. A
razão instrumental é a utilização não reflexiva da ciência e das técnicas
visando a uma finalidade. O avanço científico não garantiu o avanço moral
humano.
Ludwig
Wittgenstein, investigava as condições da linguagem por meio da
lógica e da Filosofia analítica. Para ele, em sua juventude, os problemas
filosóficos eram problemas de linguagem mal resolvida.
Para Jean-Paul
Sartre, filósofo existencialista, a liberdade humana era incondicional, de
modo que o ser humano estaria, paradoxalmente, condenado a ter essa liberdade. Assim,
para esse existencialista o que tornava o homem um ser angustiado e
desamparado, já que ele seria totalmente responsável por si mediante suas
ações.
Hannah
Arendt também parte para a questão política, teoriza o fenômeno do
totalitarismo.
Filósofos mais recentes que iniciaram suas
produções na segunda metade do século XX, como Michel Foucault, Gilles Deleuze e Jacques Derrida, fundam um
pensamento que ficou conhecido como pós-estruturalista (chamado por alguns de
pensamento pós-moderno). O pós-estruturalismo visava a quebrar a estrutura
formal de pensamento baseada na razão e no método rigoroso, estabelecendo que a
Filosofia deve atuar por meio do pensamento livre para chegar às suas
conclusões.
A Filosofia Contemporânea, em geral, tentou
estabelecer um novo padrão de racionalidade.
Os
modernos encaravam a racionalidade como um instrumento que permitiria ao ser
humano dominar a própria natureza. Se o Holocausto foi a marca da
instrumentalização da razão como meio de domínio político, hoje, também vemos
que o domínio da natureza traz consequências catastróficas para a humanidade,
devido à degradação ambiental.
Filosofia Contemporânea para tempos de pandemia
O eterno
retorno é uma ideia misteriosa, e Nietzsche, com essa ideia, colocou muitos
filósofos em dificuldade: pensar que um dia tudo vai se repetir tal como foi
vivido e que essa repetição ainda vai se repetir indefinidamente?
Durante a história, o eterno retorno de uma ameaça
invisível se manifestou pela Peste Negra,
a Cólera, Tuberculosa, Varíola, Tifo, Febre Amarela, Sarampo, Malária, AIDS,
Gripe Suína e H1N1. E como seres humanos, constantemente nos esquecemos que
estamos à mercê de um universo invisível aos nossos olhos que silenciosamente
se reproduz e domina todos os espaços.
Albert
Camus, em 1947, publicou sua obra “A peste”. A obra é uma versão romanceada
da filosofia existencialista, é um livro que trata da solidariedade que a todos
devemos, da liberdade de escolha e da responsabilidade sobre nossas escolhas.
Os tristes e preocupantes fatos dos últimos dias reposicionaram esse livro no
centro das atenções de quem a respostas frívolas e não pensadas prefere uma
reflexão mais séria sobre as contingências da vida.
O existencialismo é uma linha filosófica que propõe
a ideia de que a existência não possui significado e é por si só um absurdo,
mas que o absurdo deve ser aceito, e todo o desespero deve coagir o ser humano
a viver a vida de forma intensa e virtuosa, ele dizia que sua filosofia era: “Um lúcido convite a viver e criar, no meio
do deserto.”
Camus, em sua obra, quis mostrar é que estamos na
iminência de algo que mude as circunstâncias de tudo o TEMPO TODO. E não
deveria vir como uma surpresa uma mudança repentina de circunstâncias, pois as
instituições, o dia-a-dia e as relações nos dão a constante ilusão de que temos
o controle de algo.
“Houve no mundo tantas pestes quanto guerras. ”
Soa
familiar? As circunstâncias nos empurram a uma visão Estoica, para sermos
“Senhores de nós mesmos” em prol do coletivo, e por mais difícil que seja,
temos uma oportunidade única em nossa existência humana de repensar sobre quem
somos.
O impacto da pandemia na sociedade contemporânea
O vírus escancara a vulnerabilidade social e revira
todos os conceitos estabelecidos pela história da Filosofia, abalando a própria
confiança das pessoas em geral na permanência da humanidade no Planeta.
Temos que
fazer um profundo questionamento seguido da busca de respostas em torno de
temas como a ética médica a precariedade dos sistemas de saúde, também a
dificuldade de garantia das liberdades individuais diante das imposições de
condutas coletivas, tensionamentos gerados pela pandemia sobre a presença do
Estado e do seu papel na manutenção do bem-estar dos cidadãos.
Atividades:
1) Qual seria a principal marca da Filosofia Contemporânea?
2) Os filósofos contemporâneos fazem críticas a
racionalidade, o que eles pensam sobre isso?
3) O que o existencialismo nos permite refletir sobre
o momento atual?
4) “O vírus escancara a vulnerabilidade social e revira todos os conceitos estabelecidos pela história da Filosofia”, com essa afirmação podemos tirar várias conclusões acerca da pandemia, da política, da solidariedade, da filosofia e etc. Por que?
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